Alguns filmes independentes que devem chocar o público, no festival de Cannes
Esta quarta feira marcou o início do Festival de Cannes de 2014 e, claro, da temporada em que vários veículos especializados vão falar dos filmes chocantes, provocadores e controversos, que você simplesmente precisa ver e dos quais você vai fingir que sabe tudo a respeito.
Na edição passada, as discussões geraram em torno do vencedor do festival, “Azul é a Cor Mais Quente“. Agora, falaremos aqui rapidamente de alguns candidatos a gerar bastante conversa entre quem gosta de cinema, para, se hora chegar, você conseguir fingir que está super por dentro do assunto.
Confira a seguir quatro filmes lançados em Cannes que podem chamar a atenção este ano:
“Catche me Daddy”, dir. Daniel Wolfe
Este filme do britânico Daniel Wolfe conta a história de uma adolescente que resolve fugir com o namorado e precisa escapar da fúria de seu pai controlador e de dois caçadores de recompensas que estão atrás deles.
A premissa é meio difícil de comprar e o resultado corre o risco de ser ridículo, mas é sempre interessante ver um filme que busque analisar o relacionamento entre pai e filha. E a premissa de uma história de família com consequências mortíferas certamente é bizarra o bastante para gerar discussão.
Fora isso, críticos já comparam o estilo de trabalhos anteriores de Wolfe com filmes como “Scarface” e “Enter the Void” de Gaspar Noé. Então capacidade de criar algo notável, ele definitivamente tem.
“Foxcatcher,” dir. Bennett Miller
Do mesmo diretor de “O Homem que Mudou o Jogo” e do roteirista de “Capote“, este filme deve gerar discussão por causa dos atores. O longa, baseado numa história real, traz Steve Carell no papel de John du Pont, um multimilionário que assassinou um campeão olímpico.
A performance de Carell, pelo que andam dizendo do filme, tem tudo que os críticos adoram comentar: a maquiagem é tão pesada que inclui um nariz prostético e Carell se desvencilha completamente do personagem meio bobão e bonzinho pelo qual costuma ser conhecido, adotando um jeito meio ameaçador e um sotaque carregado.
O filme também inclui outra coisa que a crítica ama: um bonitão de Hollywood querendo mostrar que é ator sério – Channing Tatum vai interpretar um lutador de quem du Pont passa a gostar.
“Goodbye to Language,” dir. Jean Luc-Godard
O diretor francês Jean Luc-Godard é tão cult que você provavelmente não entenderia o subtexto e as metáforas de um recado que ele escrevesse num post-it.
OK, talvez não chegue a esse nível, mas não é à toa que Godard já faz parte da história do cinema e todos os seus amigos pedantes fingem conhecer seu trabalho a fundo – o diretor cria filmes que desafiam as expectativas comerciais do cinema como mídia e muitas vezes parodia as fórmulas e expectativas hollywoodianas.
Mais recentemente em sua carreira, Godard tem entrado cada vez mais no cinema experimental, como em seu “Filme Socialismo” de 2010, cuja narrativa (ou ausência dela) torna a experiência de assisti-lo algo único.
Por isso, é virtualmente impossível que o primeiro filme em 3D do dietor passe incólume pelos críticos. Pelo que dizem, “Goodbye to Language” consegue extrair o máximo de estranheza dos seus breves 70 minutos de duração: o filme começa como um retrato sobre infidelidade conjugal e vai se transmutando até chegar num ponto em que a história inclui um cachorro falante.
Sério, se você jogar “diretor francês + estudo de relacionamentos + elementos surreais” no Google, você vai achar “sonho de consumo de qualquer crítico de cinema”. Não tem como esse filme não ser discutido.
“Maps to the Stars,” dir. David Cronenberg
É o primeiro filme de David Cronenberg em Hollywood; só isso já bastaria para chamar a atenção. Mas, além de tudo, o filme decide retornar um pouco ao estilo provocativo que o diretor trouxe em “Crash – Estranhos Prazeres“, com Julianne Moore interpretando uma atriz desequilibrada que que faz sexo com seu chofer, vivido por Robert Pattinson.
Segundo críticos a atriz está completamente transformada no papel e consegue ser destaque em um elenco impecável, que inclui John Cusack, Mia Wasikowska e Olivia Williams.
Sério, uma atriz agindo descontroladamente num papel e tendo uma cena de sexo com um ator muito mais novo, que ainda é sonho de consumo adolescente? E ainda é um filme com o pedigree de ser de David Cronenberg? Se as pessoas não falarem sobre isso, algo de errado aconteceu.
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